Lei 10.639 – Diretrizes Curriculares em Literatura de Cordel

Diretrizes Curriculares Nacionais para A Educação das Relações Étnico-Raciais e Para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

No tempo da escravidão
O negro era proibido
De freqüentar a escola
Pois não era concebido
Um negro alfabetizado
Seria um grande perigo

A educação jesuítica
Tinha função de atender
Filho de branco e até índio
Para se submeter
Mas escravo não podia
Saber ler e escrever

Já no tempo do Império
O primário foi criado
Mas nem escravo liberto
Era pra ser liberado
A escola não devia
Aceitar filho de escravo

Com a Lei do Ventre Livre
É criado um juizado
Para onde os pequeninos
Eram logo encaminhados
Levados pra correção
Pra não serem abandonados

A escola da Marinha
Também passa a receber
Os jovens alforriados
Para eles aprender
Ofício de marinheiro
Para se submeter

Pois soldado marinheiro
Era sempre castigado
Com açoite e chibatada
Tratado como escravo
No início da República
Vai ter negro revoltado

A educação do negro
Era de submissão
Pois mesmo o alforriado
Sofria grande opressão
O branco é que controlava
Toda sua educação

O acesso à educação
Era muito seletivo
Negro freqüentava escola
Mas era submetido
Aprendia na cartilha
A conviver com racismo

O que o afro-brasileiro
Aprendia na escola
Não tinha uma relação
Com sua tão rica história
Quando muito se falava
De miséria e não de glória

A África é um continente
De muita cultura e história
De lenda e feitos heróicos
De guardiões da memória
Os griots é um exemplo
De ensinamento e de glória

A escola brasileira
Sempre achou de trabalhar
De uma forma excludente
Tentando até branquear
Mostrando que era a saída
Para o negro educar

Mas educar excluindo
Não foi boa solução
Pois o afro precisava
De respeito e aceitação
Promover a igualdade
É uma boa opção

A tradição escolar
Traduz diferenciação
À história africana
Nunca foi dada atenção
É preciso corrigir
Essa grande distorção

Finalmente o Brasil
Tratou da reparação
Criando agora uma lei
Pra corrigir exclusão
Ensino afro-brasileiro
É agora obrigação

A Lei de nº 10.639
Altera a LDB
De forma bastante nobre
Promovendo a igualdade
Dando a oportunidade
Protegendo a classe pobre

Criou também a SEPPIR
Recolocou a questão
Da igualdade racial
Na pauta de discussão
Adotou política pública
Contra a discriminação

Política Afirmativa
É um meio democrático
Pra reverter o efeito
Que causou tanto maltrato
Ao povo afro-brasileiro
Que sofreu com o destrato

A SEPPIR acha importante
Honrar a sua missão
Por isso está pedindo
Toda colaboração
Entre os órgãos competentes
Na política de inclusão

Política reparatória
É uma boa solução
Pra garantir o direito
A uma boa educação
Para as classes excluídas
Não ficar na omissão

Educação que resgate
Tradição, honra e cultura
Da história do africano
Povo de grande bravura
O caldeirão nacional
Precisa dessa mistura

A cultura nacional
Precisa reconhecer
O papel preponderante
Que o negro deve ter
A sua visão de mundo
Precisa prevalecer

Identidade e direito
É tarefa universal
O acesso à informação
É fator primordial
Pois povo bem informado
Luta por seu ideal

O combate ao racismo
E a discriminação
Pra coibir preconceito
Tem que ter conexão
Educação e Direito
Tem é que se dar às mãos

O ensino de história
E cultura racial
Valoriza identidade
E história cultural
Promovendo o direito
De igualdade social

As disciplinas de Artes
Literatura e História
Cumprirão esse papel
De resgatar à memória
Da história africana
Feita de luta e de glória

Datas que lembrem conquistas
Devem ser comemoradas
Para que ninguém esqueça
Da luta e da jornada
Da conscientização
Que deve ser trabalhada

O ambiente escolar
É o local ideal
Para a efetivação
Da igualdade racial
Trabalhar o preconceito
È tarefa social

Datas que lembrem a história
Da luta contra o racismo
Deverão ser relembradas
De modo bem extensivo
Denunciar preconceito
É lutar contra o racismo

O dia 13 de maio
Deve ser comemorado
Como o dia em que o negro
Conseguiu ser libertado
Mas faltou política pública
Pra ele ser valorizado

Depois da libertação
O negro é abandonado
Entregue a própria sorte
Passa a ser discriminado
Sem trabalho, casa, pão
Fica marginalizado

Dia 20 de novembro
É conscientização
Que a luta não acabou
Precisamos de união
Pra conquistar mais espaços
Pois todos são cidadãos

O Ensino de História
E cultura africana
Deve ser efetivado
pois é uma forma bacana
de incluir todo o povo
de descendência africana.
Texto adaptado em linguagem popular por:
Maria Luzinete Dantas Lima